quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Orientação sobre Audição para Professores

Como Ouvimos?

O som entra no conduto auditivo da orelha externa e incide sobre esse conduto até a membrana timpânica. Essa membrana vibra, para frente e para trás, como se fosse a pele de um tambor. Essa vibração passa pelos três ossículos, que são uma espécie de “ponte” e ajudam o som a chegar até a cóclea.  Então os cílios da cóclea vibram, ao serem tocados pela onda sonora, e transformam essa onda em impulsos elétricos, que são enviados para o nervo auditivo e caminham até os centros auditivos do cérebro. E o cérebro diz o que a pessoa ouviu.  

A Importância da Audição:

A audição é um sentido de alerta que nos auxilia em nossa própria defesa. Por meio dela podemos ouvir a buzina de um automóvel ou um alarme de incêndio.  Além disso, a audição é o principal canal pelo qual a linguagem e a fala são desenvolvidas.
O conceito de “linguagem” é muito amplo, mas de maneira bastante simples podemos entender a linguagem como sendo a expressão do nosso pensamento. Ela é primordial para o relacionamento humano, podendo ocorrer de várias formas: pela escrita, por gestos e até pelas expressões faciais, mas, sem dúvida, a mais importante de todas é pela fala.
Um bebê ouvinte, quando está no útero materno, já consegue ouvir determinados sons, especialmente os batimentos cardíacos da mãe!! Quando o bebê nasce, ele continua a receber informações auditivas através da interação com o ambiente em que vive. Assim, vão sendo adquiridos conceitos e estabelecidas algumas relações, pois no processo de desenvolvimento, a criança precisa primeiro ouvir e entender aquilo que lhe é falado, para depois começar a falar.

Higiene da Orelha

O cerume (cera) não é “sujeira”. A ideia de que precisa ser tirado o cerume da orelha deu origem ao hábito de se limpar a orelha. Este hábito prejudicial tira a camada protetora da orelha e facilita a formação de “rolhas de cera”.
O objeto usado de modo errado na limpeza pode empurrar a cera para a membrana timpânica, causando um trauma no conduto auditivo e na membrana timpânica, ocasionando dores, sangramento e ainda a possibilidade de infecção e perfuração. A melhor maneira para fazer a higienização da orelha é utilizar a pontinha de uma toalha após o banho, pois isso já é o suficiente para uma boa limpeza.

Cuidados com a Orelha e a Audição

Nunca deixe a criança limpar ou coçar a orelha com a unha ou qualquer objeto. Para enxugar a orelha da criança da criança utilize a ponta do dedo envolvido em uma toalha;
Trate corretamente, com orientação médica, as gripes e outras infecções, como também as dores e purgações na orelha;
Não pingue qualquer remédio na orelha da criança, principalmente os remédios caseiros;
Os antibióticos só devem ser usados sob receita médica;
Fique atento e não deixe que a criança coloque objetos estranhos na orelha, como feijão ou milho, por exemplo;
Evite amamentar a criança em posição horizontal, deitada. Procure sempre manter sua cabeça um pouco mais alta.

Desenvolvimento Normal da Audição




A audição normal é necessária para que uma criança aprenda a falar. O recém-nascido durante os primeiros meses de vida começa a produzir sons (balbucio) e com o desenvolvimento passa a emitir palavras e frases, pois são capazes de ouvir seus familiares e imitá-los.






O processo normal do desenvolvimento da audição ocorre da seguinte forma:
Recém-nascido: Acorda e se assusta ao ouvir um som. 
0 a 3 meses: Presta atenção nos sons, procura com os olhos. 
3 a 4 meses: Começa a virar a cabeça em direção ao som. 
4 a 7 meses: Localiza o som virando a cabeça para os lados. 
7 a 9 meses: Localiza o som indiretamente abaixo, ou seja primeiro vira a cabeça para o lado para depois abaixar a cabeça em direção ao som. 
9 a 13 meses: Localiza o som para o lado e abaixo, e indiretamente acima, ou seja, primeiro vira a cabeça para o lado para depois levantar a cabeça para cima em direção ao som. 
Até 18 meses: Localiza o som para os lados, abaixo e acima. 
Até 24 meses: Localiza o som em qualquer direção.  

O que é Deficiência Auditiva?


Qualquer distúrbio no processo de audição normal seja qual for sua causa, tipo ou severidade, constitui uma alteração auditiva. A deficiência ou perda auditiva ocorre quando existe um problema em uma ou mais partes do ouvido.








terça-feira, 27 de agosto de 2013

Artigo Científico: Neurociência na Educação

A neurociência é uma das áreas do conhecimento biológico que utiliza os achados de subáreas que a compõe, por exemplo, a neurofisiologia, a neurofarmacologia, o eixo psiconeuro-endoimuno, a psicologia evolucionária, o neuroimageamento, a fim de esclarecer como funciona o sistema nervoso (Purpura, 1992; Purves et al., 1997; Kandel et al., 2000; Lent, 2001).

O desenvolvimento de técnicas modernas para o estudo da atividade cerebral em crianças, adolescentes e adultos, durante a realização de tarefas cognitivas, tem permitido uma investigação mais precisa dos circuitos neuronais durante seu funcionamento, que geram as capacidades intelectuais humanas, como linguagem, criatividade, raciocínio (Rocha & Rocha, 2000).

Nossas emoções vivenciadas como medo, raiva e as situações prazerosas da vida originam-se da atividade dos circuitos neuronais no cérebro (Johnston, 1999; LeDoux, 2002). Nossa habilidade de pensar e armazenar lembranças depende de atividades físico-químicas complexas que ocorrem nos circuitos neuronais (Dudai, 1989; Rose, 1992; Schacter, 1996; Fields, 2005). Os circuitos neuronais existentes no cérebro e medula espinhal programam todos nossos movimentos, desde colocar fio no buraco da agulha até chutar uma bola na partida de futebol. Este entrelaçado de processos neuronais também controla inúmeras funções no organismo humano. Por exemplo, a manutenção da temperatura corporal, a pressão sanguínea são controlados automaticamente, fazendo com que nosso corpo fique em atividade, sem que tomemos conhecimento do que os circuitos neuronais estão fazendo.

Aprendizagem e Educação:


O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro. Conhecer como o cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor maneira de ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem e a educação estão intimamente ligados ao desenvolvimento do cérebro, o qual é moldável aos estímulos do ambiente (Fischer & Rose, 1998). Os estímulos do ambiente levam os neurônios a formar novas sinapses. Assim, a aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente, ativando sinapses, tornado-as mais “intensas”. Como conseqüência estas constituem-se em circuitos que processam as informações, com capacidade de armazenamento molecular ( Shepherd, 1994; Mussak, 1999; Koizumi, 2004).

O estudo da aprendizagem une a educação com a neurociência (Livingstone, 1973; Saavedra, 2002; Mari, 2002, Flores, 2003). A neurociência investiga o processo de como o cérebro aprende e lembra, desde o nível molecular e celular até as áreas corticais. A formação de padrões de atividade neural considera-se que correspondam a determinados “estados & representações mentais” (Kelso, 1995; Shepherd, 1998). O ensino bem sucedido provocando alteração na taxa de conexão sináptica, afeta a função cerebral. Por certo, isto também depende da natureza do currículo, da capacidade do professor, do método de ensino, do contexto da sala de aula e da família e comunidade. 

Todos estes fatores interagem com as características do cérebro dos indivíduos (Lowery, 1998; Westwater & Wolfe, 2000; Ramos, 2002). A alimentação afeta o cérebro da criança em idade escolar. Se a dieta é de baixa qualidade, o aluno não responde adequadamente à excelência do ensino fornecido (Given, 1998).

Neurociência cognitiva & Educação:


A neurociência cognitiva (Gazzaniga et al., 2002) utiliza vários métodos de investigação (por ex. tempo de reação, eletroencefalograma, lesões em estruturas neurais em animais de laboratório, neuroimageamento) a fim de estabelecer relações cérebro & cognição em áreas relevantes para a educação. Esta abordagem permitirá o diagnóstico precoce de transtornos de aprendizagem. Este fato exigirá métodos de educação especial, ao mesmo tempo a identificação de estilos individuais de aprendizagem e a descoberta da melhor maneira de introduzir informação nova no contexto escolar (Byrnes & Fox, 1998). 

Investigações focalizadas no cérebro averiguando aspectos de atenção, memória, linguagem, leitura, matemática, sono e emoção & cognição, estão trazendo valiosas contribuições para a educação (Berninger & Corina, 1998; Stanovich, 1998; Brown & Bjorklund, 1998; Geake & Cooper, 2003; Geake, 2004).

Exemplos incluem empreendimentos para desenvolver currículo sob medida, para atender fraqueza/excelência daqueles alunos que usam preferencialmente um dos hemisférios. Este “neuromito” é uma informação infundada do que a neurociência pode oferecer à educação (Williams, 1996; Springer & Deutsch, 1998; OCDE, 2003).

Alternativamente à proposta de John Bruer (1997; 2002) o qual argumenta que a neurociência possivelmente nunca contribuirá para a educação devido a desarticulação de conhecimentos entre as duas áreas, contrapõe-se a postura de Connell (2004). O pesquisador da Universidade Harvard argumenta que, introduzindo o “nível de análise” com agregação da neurociência computacional, elimina as fronteiras específicas. Assim, a neurociência, psicologia & ciências cognitivas somadas à educação, trazem novo enquadramento e integração destas áreas do conhecimento (Anderson, 1992: McKnight & Walberg, 1998).

Neurociência e prática educativa:


A pesquisa em neurociência por si só não introduz novas estratégias educacionais. Contudo fornece razões importantes e concretas, não especulativas, porque certas abordagens e estratégias educativas são mais eficientes que outras (Reynolds, 2000; Smilkstein, 2003). A tabela 1 sugere como o cérebro aprende em 
determinado ambiente de sala de aula.

A neurociência oferece um grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação em sala de aula. Pouco se publicou para análise retrospectiva. Contudo, faz-se necessário construir pontes entre a 
neurociência e a prática educacional. Há forte indicação de que a neurociência cognitiva está bem colocada para fazer esta ligação de saberes. 

Políticas educacionais devem ser planejadas através da alfabetização em neurociência, como forma de envolver o público em geral além dos educadores. É preciso aprofundar o estudo de ambientes educativos não tradicionais, que privilegiem oportunidades para que os alunos desenvolvam entendimento, e que possam construir significado à partir de aplicações no mundo real.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Saiba como ajudar seu filho a procurar a informação certa para atender ao trabalho escolar!


Uma visita à biblioteca pode enriquecer o trabalho escolar e ensinar como pesquisar


Vamos imaginar a situação trivial: seu filho voltou da escola com uma longa pesquisa para fazer e um prazo relativamente curto para cumprir - será preciso ir a uma biblioteca mais bem equipada (a da escola tem acervo "miudinho"...) atrás de informação. Você quer ajudar seu filho a tirar boa nota, mas tem pouca experiência em lidar com livros, aliás, nem sabe por onde começar dentro de uma biblioteca... E seu filho, será que já consegue encaminhar a pesquisa com eficiência? 

Imagem retirada de "Educar para Crescer".

O mundo de informação contido em uma biblioteca é enorme - e exatamente por isso, instigante. Ideal seria ter tempo (e curiosidade) para "perder-se" nesse templo de conhecimento, mas não é este o caso. Para quem deseja logo chegar ao livro adequado - ou mais de um - de uma pesquisa, há dicas de comportamento que auxiliam o pesquisador, seja ele quem for, a se "movimentar" dentro de uma biblioteca. Todas elas sugeridas por quem profissionais de larga experiência na atividade, caso de Fernanda de Lima Passamai Perez, da biblioteca da Escola da Vila, unidade Butantã, e de Sueli Nemen Rocha, da Biblioteca Monteiro Lobato, ambas em São Paulo.

Ajude seu filho a definir o tema da pesquisa:

O enunciado da professora deve apontar exatamente o assunto a ser pesquisado - e as questões que precisam de resposta. Se tiver dificuldade em chegar a essa síntese, peça auxílio a quem trabalha na biblioteca, que está ali exatamente com essa função.

Vamos supor que a pesquisa encomendada pela escola aborde os animais, mais precisamente os mamíferos - são questões de cunho científico ou ecológico? Exemplo: o que se deseja saber diz respeito ao metabolismo ou ao habitat de um mamífero ou tudo isso? Para encontrar as respostas, inúmeras obras deverão ser consultadas - e podem estar espalhadas em várias prateleiras da biblioteca, ou seja, em vários conjuntos de assunto. Mais uma razão para pedir ajuda, sem o menor constrangimento, a quem conhece a organização dos livros com a palma da mão - o bibliotecário. Você e seu filho ganham tempo precioso, descobrindo onde estão acomodados os livros de interesse para a pesquisa em questão.




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Artigo Científico - Atendimento Educacional Especializado: Intervenção pedagógica com uso de tecnologias.

Artigo de FLAUZINO, RODRIGUES e ZENHA, intitulado "Atendimento Educacional Especializado: Intervenção pedagógica com uso de tecnologias".

 No resumo do artigo, encontramos o seguinte:
"Este artigo propõe discutir a importância do Atendimento Educacional Especializado como apoio a inclusão escolar de alunos com deficiência e como forma de assegurar direitos. [...] O que defendemos é a existência do atendimento, pois a inclusão não acontece simplesmente pela presença física do aluno com deficiência nas classes comuns, mas pela interação e aprendizado que eleva os conhecimentos dos alunos. Na inclusão escolar não basta socializar é importante a implementação de ações efetivas que visem à superação das dificuldades e ampliação do saber. Neste trabalho relataremos alguns atendimentos realizados pelo grupo e apresentaremos tecnologias de apoio."
Destacamos: 
"Neste artigo buscamos exemplificar inúmeras atuações que contribuíram na inclusão ou em uma melhor vivência. Acreditamos que essas intervenções são fundamentais, necessárias e devem ser realizadas prioritariamente nas classes comuns em horários diferenciados para que os alunos não fiquem isolados e sintam-se excluídos. Contudo não consideramos correto dizer que o aluno está incluído se o mesmo não acompanha as atividades da turma e realiza sempre outras atividades não adequadas a sua idade e série. Nos atendimentos percebemos que simples ações fazem toda a diferença. Alguns educadores, por falta de formação, não realizam o atendimento que os alunos necessitam e os designam a realizar atividades monótonas e enfadonhas. A sociedade urge por políticas públicas e ações que promovam mudanças. Incluir é possível. 

É importante lembrar que a deficiência não deve ser encarada com manifestação de pena ou considerá-la como incapaz deixando-a estagnada a realizar outra atividade diversa das desenvolvidas pelos outros alunos.Percebe-se que as crianças de um modo geral necessitam de uma atenção especial, cada qual apresentando suas qualidades e dificuldades específicas. Entretanto, os alunos com necessidades especiais, seja motora, auditiva, visual ou cerebral, necessitam de uma atenção maior por possuírem uma determinada limitação física ou neurológica que os impossibilitam de se movimentar, comunicar, se expressar e/ou interagir de forma efetiva com o mundo. 

Cada aluno constitui um indivíduo único e seu processo de aprendizagem deve ser condizente com esse pensamento, nesse sentido as limitações ocasionadas pela deficiência não devem ser vistas como barreiras, mas como novas possibilidades de construção do saber.O ensino de pessoas com necessidades educacionais especiais exige dos educadores uma postura investigativa e criativa para que seja feita a adequação de novas práticas pedagógicas na intenção de descobrir como esses alunos aprendem e ajudá-los a atingir possíveis conquistas. 

A construção de práticas pedagógicas eficazes na educação especial está diretamente ligada às novas vivências e experiências que ocorrem entre educadores e educandos. Os limites do aluno representam um desafio tanto para o professor como para ele mesmo, sendo de grande importância a observação de questões apresentadas na prática dentro e fora do ambiente escolar."

Para leitura do artigo na íntegra:Click Aqui!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Aprendizagem e Memória

Como, na realidade funciona a memória? E como relacionar os processos de armazenamento da memória com a utilização dos reflexos condicionados? E desses processos com a teoria do aprendizado?


Toda a aprendizagem põe em jogo um certo tipo de memória, isto é, de conservação e de armazenamento da experiência anterior. A conservação da experiência anterior é o meio através do qual se estabelece a noção de controle que nasce do exame da experiência anterior, em confronto com a experiência presente. Dessa forma, o indivíduo não necessita partir da primeira experiência para encontrar a resposta adequada; pelo contrário, ele soluciona a situação a partir de sua última experiência. Essa noção impede o processo arbitrário e espontâneo das tentativas e erros, que se baseia na freqüência de tentativas e na redução circunstancial de respostas incorretas até encontrar a resposta desejada.

A memória compõe-se de dois processos, um bioelétrico (nível nervoso) e outro bioquímico (nível sináptico), que se fundem na noção de engrama — unidade memorial de conservação da informação, consolidada e integrada pela ação dos ácidos nucleicos.

O estímulo, ao ser repetido, é integrado funcionalmente, produzindo, por esse efeito, facilitações sinápticas, que têm por função conservar a informação. Tais facilitações sinápticas, são de dois tipos: de curto termo e de longo termo.

Segundo a teoria de oscilação de Lachman, a amplitude das oscilações das ondas bioelétricas (ondas alfa) torna-se mais extensa durante a aprendizagem, provando de certo modo a flexibilidade das funções cognitivas.

Ao estabelecerem-se as interconexões estímulo-resposta, a transmissão do impulso processa-se sem resistências e sem perdas inúteis, daí a modificação da amplitude das ondas bioelétricas, provocando entre centros receptores, integradores e efetores, melhores vias de corpunicação neurológica.

A memória é a base do raciocínio. Ao "chamar" a informação, o cérebro está apto a combiná-la e a organizá-la. Não se combina o que não se conserva, daí o painel integrativo da memória, função indispensável à análise, seleção, conexão, síntese, formulação e regulação das informações necessárias à elaboração, planificação e execução de comportamentos.

A memória armazena e preserva a informação. Só depois da consolidação (Eysenck) se dá a compreensão. Só reconhecemos estímulos depois destes se encontrarem retidos. Esse dado é válido até mesmo para a aprendizagem falada. A sua aquisição requer que a informação auditiva seja armazenada e conservada, depois de ter sido compreendida (linguagem interior). Só a partir daqui a linguagem é integrada e formulada para ser posteriormente exprimida.

A memória associa, portanto, as funções de recepção com as funções de expressão, pois essas não se dão sem as funções de: armazenamento, compreensão, integração e formulação (rememorização). Esquecer é desaprender. Esquecer coisas é provavelmente o resultado de não tê-las organizado interiormente.

Está provado por investigações, que a dificuldade em adquirir novas recordações ou em se lembrar de nomes e acontecimentos interfere significativamente com a aprendizagem e com as suas transferências pró-ativas.

Da mesma forma, se sabe hoje que a memória envolve a função do hipocampo e do ciclo de Papez, para além do sistema reticulado. Quer dizer, a memoria é um sistema funcional e ínter-hemisférico, extremamente complexo, que afeta a aprendizagem, principalmente no que respeita à memória de curto tempo. Cada vez mais a memória tem de ser dinamicamente (e não mecanicamente) colocada em situação, pois parece estar provado que o seu treino facilita a aprendizagem.

Experiências de autores como Valverde (1967) e Hydén (1967), citados por Popper & Eccles, sugerem a teoria do aprendizado pela chamada "teoria de crescimento sináptico". Porém, parece que as experiências a
respeito do crescimento sináptico não supõem ser esse processo um fenômeno químico altamente específico, como o supôs Hydén (1967) em que, para cada memória, formar-se-ia uma macromolécula específica.

O substrato neuronal da memória parece estar ligado à evolução e crescimento das espinhas sinápticas, pelos quais, sinapses secundárias se formam à medida que os estímulos chegam da periferia ao SN, ativando
padrões específicos espaço-temporais e, se um padrão particular é repetido no córtex, mais efetivas se tornarão umas sinapses relativamente às outras.

Por essa teoria, as sinapses da "aprendizagem" teriam que ser ubiquitárias, o que parece impossível.. Daí, terem Szentagothai (1968) e Mass (1969) criticado a "teoria do crescimento sináptico" e terem suposto que
o "aprendizado sináptico" seria um acontecimento ligado dupla e dinamicamente, isto é, que a ativação de um tipo especial de sinapse proveria instruções para o crescimento de outras sinapses ativadas no mesmo dendrito — chamaram a isto de "teoria da conjunção do aprendizado"  e parece que os experimentos de Miyashita (1975) com emprego de animais e a análise das fibras "musgosas" e "trepadeiras" do cerebelo comprovam-na.

Vistas assim algumas particularidades dos processos mais íntimos da aprendizagem, apresentamos, a seguir, na figura 3, de forma esquemática, todos os mecanismos desse computador que é o cérebro, na sua tarefa de aprendizagem. Além disso, ainda há o problema da dominância cerebral e as já clássicas experiências de Levy-Agresti e Sperry (cit. in Popper et col.10) comprovando funções diferentes dos dois hemisférios cerebrais.


Fonte: Artigo Neurofisiologia da Aprendizagem

Neurofisiologia da Aprendizagem

Estudo do Artigo "Neurofisiologia da Aprendizagem".

Autoria de Aron J. Diament, aceito para publicação em 04 de agosto de 1982 na Revista de Pediatria.


Quando se fala em aprendizagem está implícito, portanto, uma relação integrada entre o indivíduo e seu meio ambiente, da qual resulta uma plasticidade adaptativa de comportamentos ou condutas. Portanto, comportamento, aprendizagem e também linguagem são fenômenos biológicos, resultantes de processos anatômicos, fisiológicos e bioquímicos que ocorrem no Sistema Nervoso (SN) humano. 

Parece não haver uma região específica do cérebro que seja responsável exclusiva pela aprendizagem. Esta, parece ser a resultante de complexas operações neurofisiológicas e neuropsicológicas e os mecanismos envolvidos, embora não totalmente conhecidos, compreendem uma série de fatores: a importância dos processos neurológicos; o papel da atividade bioelétrica; a dependência de reações bioquímicas; os arranjos moleculares nas células nervosas e gliais; a eficiência sináptica; a memória e seus traços; o metabolismo proteico e assim por diante.

Vemos, portanto, que para entendermos como se processa a aprendizagem, necessitamos entender não somente toda a organização do SN e sua Neurofisiologia, como também mecanismos neuroquímicos, os processos de memória, além de termos que compreender os processos epistemológicos no homem, isto é, abordar a teoria ou as teorias de conhecimento humano, para podermos entender a aprendizagem no seu
mais alto grau de evolução: a atividade nervosa superior humana.

Podemos, didaticamente, dizer que o SN pode ser funcional e anatomicamente dividido nos sistemas de estimulação, integração e resposta. Esses três sistemas do SN são inter-relacionados e interdependentes.

1- O sistema de estimulação coleta e transmite informações ambientais (externas e internas) para o sistema de integração; dos cinco sentidos que recebem informações ambientais, três são da máxima importância na aprendizagem: visão, audição e somatestesia (sensações cutâneas e proprioceptivas)

2- O sistema integrativo é o mais complexo e existe em todos os níveis do Sistema Nervoso Central (SNC), incluindo a medula, o tronco cerebral e hemisférios cerebrais. O córtex cerebral é o nível mais complexo do sistema integrativo e o local de funções corticais superiores, tais como, processos de raciocínio. O sistema integrativo relaciona-se com a identificação, seleção, integração, armazenamento e uso de informações; é responsável pela percepção, cognição, memória, intelecto, formulação de atividades motoras e consciência.

3- O sistema de resposta é responsável pelo comportamento observável, isto é, movimento muscular, e o funcionamento do sistema nervoso autônomo. Com exceção dos processos não observáveis de pensar e sentir, a única forma pela qual se pode responder ao ambiente é através do movimento muscular, como na gesticulação, fala ou escrita. Mesmo os efeitos autônomos, como transpiração ou palidez, e alterações no tamanho de pupila, são o resultado de movimentos musculares.


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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: Dúvidas quanto ao diagnóstico e processo terapêutico fonoaudiológico.

A dificuldade de leitura e escrita, também conhecida como dificuldade de aprendizagem, é uma das patologias fonoaudiológicas que mais gera dúvidas em relação ao diagnóstico e processo terapêutico principalmente por não existir um consenso entre os autores sobre a caracterização de tal patologia.


Lidar com o insucesso escolar constitui-se em tarefa complexa e desafiadora para a qual não se tem ainda uma resposta acabada, o que aponta para a necessidade de buscar alternativas que possam minimizar tal situação. Apesar disso, a identificação de dificuldades de aprendizagem apresentadas por escolares vem crescendo e, conseqüentemente novas concepções sobre o processo de ensino/aprendizagem surgem, valorizando variáveis internas, como por exemplo, as expectativas e emoções tanto daqueles que ensinam como dos aprendizes.

Os anos iniciais de escolarização parecem ser cruciais, no que diz respeito a aprender a ler. As experiências de aquisições positivas de leitura, nos primeiros dois anos e meio de escolarização formal, são favoráveis para uma visão positiva do aprendiz sobre si mesmo.

Em relação à escrita, a criança cria hipóteses e as testa. Durante esse processo de construção passa por níveis distintos que variam do pré-silábico ao alfabético. Ao atingir esse último nível, a criança já consegue dominar o sistema notacional. O maior problema da criança acontece na fase pós alfabética, em que ela percebe que não existe uma relação direta entre os sons e as letras, tendo que descobrir a norma ortográfica.

A norma ortográfica do português é composta por regras regulares e irregulares. No caso das regulares pode-se inferir a forma correta porque existe um “princípio gerativo”, uma regra que se aplica a várias palavras da língua, podendo ser compreendida pelo aprendiz, diferentemente das regras irregulares que dependem do processo de memorização, nesse último caso, o uso de uma letra é justificado apenas pela tradição de uso ou pela origem (etimologia) da palavra. 

Para alguns autores, um aspecto importante para a aprendizagem da escrita é o desenvolvimento das habilidades metalinguísticas que correspondem a manifestações explícitas de uma consciência funcional das regras de organização ou uso da linguagem. 

Dentre essas habilidades a metafonológica é aquela que gera maior controvérsia. Para alguns autores, o desenvolvimento de tais habilidades é imprescindível para a aquisição da escrita, para outros, a aquisição da escrita facilita o domínio de tais habilidades. Na verdade, as tarefas utilizadas nos estudos envolvem diferentes graus de habilidades cognitivas. 

O tipo de tarefa selecionada para realizações de pesquisas científicas pode apontar resultados distintos, dependendo dos processos cognitivos envolvidos. Além disso, muitas tarefas de habilidades metafonológicas envolvem alguma forma de processamento de memória.

É consenso entre os autores que não existe uma hierarquia estrita entre as tarefas de habilidades fonológicas, porém, a consciência fonêmica seria a última a ser dominada pelo aprendiz, podendo ser facilitada pelo aprendizado da leitura e pela memória. Essa hierarquia parece se estender para outras línguas, estudo desenvolvido com crianças gregas também comprova que a consciência de sílabas precede a consciência de fonemas. 

É possível perceber ainda que crianças pré-escolares podem apresentar sensibilidade fonêmica quando ainda não são capazes de manipular explicitamente os fonemas da palavra falada. Para algumas crianças a aprendizagem da escrita pode não ocorrer de forma satisfatória gerando alterações de aprendizagem. Em relação a essas alterações existe controvérsia no que diz respeito à nomenclatura. 

As diferentes nomenclaturas utilizadas dependem da visão do estudioso que observa as alterações de leitura e escrita que, com suas abordagens teóricas diversificadas, influenciam o modo como o problema é definido.Apesar das diferentes teorias, a maioria desses profissionais concorda que nem todas as crianças que apresentam dificuldades para aprender a ler podem ser consideradas portadoras de distúrbios de leitura e escrita.

Dentre as várias nomenclaturas e definições para os problemas específicos de aprendizagem pode-se citar: disortografia e disgrafia para problemas específicos de escrita, dislexia para problemas de leitura, distúrbio da aprendizagem, dificuldade específica de aprendizagem e dificuldade de leitura.

Uma dificuldade específica de leitura é definida pela ocorrência de problemas significativos no
reconhecimento de palavras em crianças que apresentam inteligência média, fluência na língua materna, nenhum déficit sensorial primário ou problemas emocionais. Porém, essa mesma definição é utilizada por outros autores para as dislexias de desenvolvimento. Outros autores defendem que a dificuldade de aprendizagem é uma condição de vulnerabilidade psicossocial. Por esta razão, é comum que as crianças com tais problemas apresentem problemas emocionais ou déficits em habilidades sociais, que durante a adolescência podem levar à evasão escolar. Muitas vezes, podem ser desenvolvidos sentimentos de baixa auto-estima e inferioridade, como também déficits em habilidades sociais e problemas emocionais ou de comportamento.

A busca constante pelo conhecimento em relação aos problemas de leitura e escrita é crucial, porque existem problemas que estão relacionados aos aspectos da política educacional, ou ainda questões que se referem ao próprio processo de desenvolvimento do aprendiz, o que pode dificultar a realização de um diagnóstico diferencial. Dessa forma, é importante que o fonoaudiólogo conheça detalhadamente todo o processo de construção de escrita até o nível pós-alfabético, entendendo todas as dificuldades naturais do processo de apreensão da norma ortográfica.

É provável que as diferenças de conceituação possam gerar dificuldades de diagnóstico e, conseqüentemente, problemas nas propostas terapêuticas adequadas. Alguns artigos também apresentam como sinônimo as terminologias “dificuldade de aprendizagem” e “distúrbio de aprendizagem”, porém existem diferenças entre elas. A primeira refere-se a um déficit específico da atividade escolar, enquanto a segunda refere-se a uma disfunção intrínseca à criança, em geral neurológica ou neuropsicológica. É possível afirmar que quando a dificuldade de leitura é causada por um dano neurológico, pode ser diagnosticada uma dislexia adquirida. A realização de um diagnóstico criterioso é importante para evitar equívocos que possam estigmatizar o aluno em seu processo de aprendizagem e dificultar a superação de obstáculos. 

Diante do exposto, os fonoaudiólogos podem ter idéias claras sobre o problema de aprendizagem para orientar a equipe pedagógica e a família, e elaborar um plano terapêutico adequado quando necessário.


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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Lição de Casa - Como agir para contribuir com a aprendizagem de seu filho!

Sabe qual é a melhor maneira de descobrir se o seu filho está indo bem na escola? Acompanhando a lição de casa dele!


Ao participar do dia a dia escolar de seu filho, você consegue perceber se ele está aprendendo o que deveria durante o decorrer do ano. Assim, se perceber que as dúvidas estão se acumulando, você pode procurar a ajuda da escola. 

Imagem retirada do Google
Outra vantagem de saber o que seu filho está estudando é aproveitar para mostrar como tudo aquilo que ele está vendo na escola têm relação com o cotidiano. Como uma reportagem no telejornal sobre a seca, por exemplo. Se seu filho está estudado sobre os efeitos da falta d´água na agricultura, é um bom momento para comentar e deixar que ele fale o que sabe sobre o assunto. "Quando isso acontece, o aprender passa ser algo gostoso, estimulante. E quando a criança descobre o prazer de aprender o interesse pela escola aumenta", afirma a psicóloga Danila Secolim Coser.

Por isso, vale a pena valorizar a hora da lição e criar um ambiente motivador e favorável ao aprendizado. Confira as dicas do que fazer antes, durante e depois da hora da lição compiladas de entrevistas com: Danila Secolim Coser, psicóloga; Heloisa Padilha, educadora e psicopedagoga; Fátima Regina Pires de Assis, professora de graduação e pós-graduação do curso de Psicologia da PUC-SP; Rose Mary Guimarães Rodrigues, docente do curso de Pedagogia da Unitri (Centro Universitário do Triângulo). Todas as entrevistadas possuem pesquisas ou trabalhos acadêmicos sobre Lição de Casa.

ANTES

1. Entenda seu filho
Uma grande ajuda na hora da lição de casa é saber o que motiva e o que desanima seu filho. Por exemplo, será que ele gosta que você fique por perto ou prefere privacidade? Será que você precisa que você ajude-o a organizar por qual matéria começar ou ele quer decidir isso sozinho?

2.Defina as regras em comum acordo
Converse com seu filho e estabeleçam - juntos - como será a rotina para a lição. Onde será feita, em qual horário, etc. Deixe que ele explique suas preferências e seja flexível. Por exemplo: ele não quer perder o programa de TV favorito. Ajustem o horário de modo que ele tenha este direito garantido. Direito que ele perde se não terminar a tarefa a tempo (caso o combinado seja fazer antes) ou se não desligar a TV logo depois (para ir logo se dedicar à lição).
Lembre-se: o ideal é não alterar a rotina, mas, se for o caso, explique o motivo da mudança.

3. Organize o lugar
Escolham - juntos - o local onde a lição será feita. Mas garanta que ele esteja arrumado e limpo na hora combinada. Se for a mesa da cozinha, por exemplo, nada de alimentos ou pratos na hora da lição, hein?
Lembre-se: o bem-estar é superimportante. Verifique a temperatura do ambiente, a iluminação, a ventilação. Quanto mais confortável ele estiver, melhor!

4. Acabe com a distração
Desligue a televisão e o rádio e tente eliminar - ou diminuir -outros sons que atrapalhem a concentração. Ajude seu filho a se concentrar na tarefa!

5. Fique de olho na disposição dele
Na hora da lição, seu filho precisa estar bem disposto. Ou seja: não pode estar cansado, com fome, irritado, distraído... O melhor neste caso é resolver o problema primeiro. E isso vale para você também! Resolva essas questões antes de começar!

6. Confira se todo o material necessário está disponível
Parar a lição para procurar onde está o lápis de cor, a régua ou o dicionário só ajuda a tirar o foco da tarefa. Organize tudo antes de começar para não haver dispersão!

DURANTE

7. Respeite o momento
Todos em casa devem saber que a lição está sendo feita e contribuir, evitando interrupções, barulhos desnecessários ou ações que tirem a concentração e o foco de quem está estudando.

8. Veja se seu filho sabe o que é para ser feito
Pergunte se ele tem dúvidas sobre o que o professor pediu para fazer e coloque-se à disposição para ajudá-lo.

9. Auxilie em caso de dúvidas
Se seu filho tiver uma dúvida, ajude-o. Mas não responda por ele. Sugira que ele procure exemplos parecidos no livro ou no caderno, ou então, ajude-o a pensar sobre o assunto até que ele chegue à sua própria conclusão.

10. Ocupe-se com coisas parecidas
Enquanto ele faz contas, que tal dar uma olhada no orçamento? Se ele vai produzir um texto, aproveite para fazer alguma anotação. O ideal é não parecer que se está fazendo algo mais interessante do que ele - como jogar no computador, por exemplo, ou ver TV.

11. Incentive-o a rever a lição
Olhar a lição de novo depois de terminada é uma boa prática. Se ele pedir para você rever com ele, valorize o esforço e não aponte diretamente os erros. Caso encontre coisas incorretas e perceba que ele tem condição de localizar o erro, estimule-o comentando. "Que tal rever este trecho ou esta conta, veja se está tudo certo ou se encontra algo errado?". Elogie-a se ele encontrar o problema e jamais brigue se isso não ocorrer.

DEPOIS

12. Veja se a lição foi corrigida
Será que a lição de casa foi corrigida? A falta de correção da lição pode desestimular seu filho. Afinal, ele pode entender que de nada valeu tanto esforço. Caso isso se repita sempre, é interessante conversar na escola - com o professor ou com o coordenador.

13. Elogie os acertos e não aponte os erros
Seu filho acertou todos os exercícios da lição passada? Ele merece que você lhe dê parabéns! Mas se errou muitos, nada de briga. Pergunte se, com a correção do professor ele entendeu porque errou. Se a resposta for negativa, estimule-o a tirar dúvidas diretamente com o professor. E acompanhe.

14. Informe o professor em caso de dificuldade
Seu filho deveria ter condição total de fazer a lição de casa sem achá-la muito difícil ou complicada. Afinal, se a lição foi passada, é porque o professor já explicou aquele conteúdo. Às vezes pode ser apenas uma dificuldade pontual e neste caso, estimule seu filho a tirar dúvidas com o professor. Caso isto se torne frequente, o melhor é ir até a escola para identificar onde está o problema.


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

CONAE - Etapa Intermunicipal de Presidente Prudente/SP.

Neste exato momento estamos participando do eixo IV na CONAE Intermunicipal!!!
Momento único, extremamente especial, de discussões.

Artigo Científico - "Discalculia: uma interface entre a Medicina e a Educação".

 

Este artigo revela, em resumo, a seguinte proposta:

 "Entre as desordens cognitivas, manifestadas durante o período educacional, destacam-se os problemas associados com o cálculo, que constituem a discalculia. Pode-se conceituá-la como incapacidade de aprendizagem específica que afeta a aquisição da habilidade aritmética de crianças. A presente comunicação propõe, com base na literatura médica pertinente, que trabalhos interdisciplinares e multi profissionais, visando melhorias de desempenho escolar, busquem intervenções com práticas educativas, destacando-se, em seu interior, as lúdico-recreacionais."

A Discalculia entre a Medicina e a Educação:


Quanto a discalculia (ou desenvolvimento de discalculia - DD), trata-se da “incapacidade de aprendizagem específica que afeta a aquisição da habilidade da aritmética em crianças”. É um agravo cerebral com predisposição genética, mas é obstáculo cognitivo comum, mais frequente em mulheres que nos homens. Sua predominância no sexo feminino pode refletir somente a grande vulnerabilidade a influência ambiental ou o acréscimo da predisposição biológica. Geralmente, encontra-se presente nas perturbações neurológicas, tais como o transtorno de déficit de atenção (TDAH), desordem de linguagem, epilepsia, deficiência mental e algumas síndromes.

Na população escolar tem prevalência de 3% a 6%, frequência similar à da dislexia e TDAH. Porém, mesmo que seja diagnosticada após longo prazo, o citado autor indica ser uma incapacidade estável de aprendizagem, persistindo, em menor período, em quase metade das crianças afetadas. Cogita-se que esta característica decorra do fato de sua gênese assentar-se na existência de substratos anatômicos específicos. Nesse sentido, através de neuroimagem em humanos, observa-se que a “habilidade aritmética humana tem um substrato cerebral palpável. O sulco intrapariental humano é ativado em todas as tarefas numéricas e pode hospedar uma representação de quantidade central amodal”.

Áreas do córtex frontal inferior e pré-central também são ativadas quando empenham cálculo mental. As patologias neste sistema, que acarretam acalculia em adultos ou o DD em crianças, estão começando a ser entendidas, proporcionando bases para encaminhar intervenções no cérebro.

As origens do DD, ao que alguns estudos indicam, podem ser de natureza genética, o que prejudicaria funções cruciais da habilidade aritmética nesta região. O defeito na área têmporo-parietal esquerda próximo do giro angular, com diferentes decréscimos no N-acetil-aspartame e creatina, sustenta a hipótese de que, tanto o DD como a aquisição da acalculia estão associados com lesões na porção posterior do hemisfério cerebral esquerdo.


Ressalta-se que escolares que possuem dificuldades em aritmética apresentam mais problemas de atenção que outras crianças. No mesmo grupo populacional, sabe-se que a disfunção cerebral mínima representa o tipo mais comum de desordem neuropsicológica na infância, com baixo desenvolvimento e disfunções em regiões do hemisfério cerebral, definidas manifestando desordens na conversa, movimento, disgrafia, dislexia, discalculia e TDAH. Ou seja, aqueles que cursam com estes sintomas têm maior probabilidade de apresentar discalculia.  

Em um volumoso trabalho de análise da distinção usual entre acalculia primária e secundária e diferentes tipos dos distúrbios do cálculo: propõem, em decorrência, que a capacidade de calcular retrata “habilidades multi fatoriais, incluindo a verbal, espacial, de memória, conhecimento corporal e habilidades de finalidade executiva".  

Relacionando Atividade Física e Discalculia:


A atividade física (AF) regular ocasiona vários benefícios aos índices de qualidade de vida, relativos aos fatores psicológicos, mentais, cognitivos e fisiológicos. Os efeitos benéficos de exercícios crônicos nas funções de memória, inteligência e tempo de reação são pequenos, mas consistentes. A prática ocasiona, então, habilidades que permitem à pessoa controlar sua vida e possibilitar opções de aprendizagem e trabalho, sendo o exercício uma chave componente deste processo.

Os portadores de distúrbios cognitivos podem, igualmente, se beneficiar de modo significativo, por meio da realização de experiências motoras adequadas oferecidas, dado que o desenvolvimento intelectual tem grande influência do movimento.

Neste sentido, em trabalho com crianças de quatro sete anos, há relatos da importância dos jogos, pois são nas situações propostas por estes que muitas aprendizagens ocorrem de forma não consciente.

Os jogos, enquanto atividades lúdicas/recreacionais, podem ser usados com objetivos diferentes tanto por professores de Educação Física como de Matemática. Veja-se o caso do xadrez: modalidade desportiva, exige raciocínio lógico-matemático durante a execução.

De fato, nesse sentido, hoje, a Educação Física é “mais que moldar a estrutura física do aluno. Ela deve contribuir para a atividade intelectual e para a formação do cidadão”, tendo como um dos objetivos a “interação com os colegas de modo cooperativo, aprendendo a trabalhar em conjunto na busca de soluções”.


Os jogos, assim como as brincadeiras, permitem a comunicação, o questionamento, a explicação e a confrontação do “seu ponto de vista com os das outras crianças”, sendo instrumentos para elas se relacionarem com o mundo e recriarem as relações com aqueles com que convive no grupo social. Desse modo, estimula e faz evoluir “aspectos socioafetivo, motor, sensorial e cognitivo”.

O jogo “pode trazer à tona questões inconscientes e medos recalcados, facilitando o autoconhecimento das próprias emoções e do mundo interior de cada pessoa” e, assim, as relações sociais com os outros são sempre estabelecidas durante o jogo, de fundamental importância para o desenvolvimento do indivíduo.

Na Matemática os jogos podem ser “explorados com a total aprovação dos alunos. As avaliações e trabalhos realizados confirmam a assimilação dos conteúdos” e, por consequência, o desenvolvimento das habilidades matemáticas propostas. 


Em síntese, o jogo, meio utilizado para a integração por excelência, identifica-se como alternativa possível de uso, tanto por professores de Matemática como de Educação Física para escolares com discalculia para que, assim, estes possam operar melhor suas capacidades aritméticas. 


Para Leitura: Artigo Completo - Click Aqui!

Colabore com a vida escolar do seu filho

Sim, ele precisa de ajuda, e a sua é mais importante de todas. Participe organizando a rotina e incentivando o hábito do estudo

 
As aulas voltaram, e é hora de começar com o pé direito e muito entusiasmo. Um ano de novas descobertas, amizades e crescimento aguarda o seu filho. E qual é o seu papel nessa história? O de ajudá-lo na jornada, valorizando os estudos e o assistindo no que for necessário. 

"A atitude da família é estruturante", define a psicopedagoga Maria Teresa Messeder Andion, psicopedagoga e mestre em psicologia do desenvolvimento humano, do ensino e da aprendizagem. O que isso significa? Que, sob a batuta de pais que orquestram um dia a dia saudável e estimulante, é muito mais provável que a criança se saia bem nos estudos.

1- Monte um calendário:

Comece este semestre letivo organizando-se. Junto com o seu filho, monte uma agenda de segunda a sexta-feira, na qual constem todos os horários, cursos extracurriculares e o período dedicado à lição de casa. Esse cartaz dá a ele uma noção de tempo e espaço e, além disso, segui-lo é uma forma de mostrar aos pais que tem responsabilidade, e de se sentir valorizado por isso. "Esse calendário pode ser feito de maneira lúdica, com canetinhas coloridas e até desenhos, dependendo da idade da criança", sugere a psicopedagoga Maria Teresa Messeder Andion.

2- Faça 12 semanas de acompanhamento:

"A criança que não tem o hábito do estudo tem de adquiri-lo", constata a psicopedagoga Paula Furtado. Como? Sendo supervisionado pelos pais em casa. A especialista acredita, com base em estudos neurológicos, que 12 semanas de acompanhamento constante são suficientes para assimilar um novo comportamento. Durante esse período, observe se seu filho faz a lição de casa, tira um tempinho para estudar as matérias e lê livros. Passados os três meses, você verá como ele estará mais apto a administrar seus estudos.

3- Garanta boas noites de sono:

A rotina em casa tem tudo a ver com o rendimento dos pequenos na escola. Descansada, a criança tem mais disposição para aprender. Sempre com sono e mal-humorada, por outro lado, pode acabar vendo a escola como um estorvo. "O ideal é que a criança durma entre 9h e 10h por noite, pois se movimenta muito durante o dia", aconselha Marli Veríssimo, coordenadora pedagógica do colégio Kinder Kampus, de São Paulo. O conselho aqui é: tome conta para que seu filho durma cedo e acorde bem disposto no dia seguinte.

4- Não o deixe faltar sem necessidade:

Ir à escola é a premissa de todos os dias da criança - essa é a atividade principal de sua vida. Faltas, com raras exceções, só devem ser permitidas em caso de doença ou perda de um ente querido. Quando não vai à escola, a criança perde oportunidades de aprendizado e de socialização.

5- Ajude na lição de casa:

Nunca faça a lição para o seu filho, até porque é importante que o professor saiba como ele está se saindo nos exercícios. Mas esteja sempre por perto - ou, quando chegar do trabalho, pergunte a respeito - para ler os enunciados em voz alta, tirar dúvidas e incentivá-lo a pesquisar mais sobre o assunto. Tome conta para que ele faça a lição em um local silencioso e bem iluminado.

6- Leia e incentive a leitura:

Uma família que ama os livros e lê jornais e revistas cotidianamente certamente estimula o filho a ler também. Afinal, se a leitura é natural naquele ambiente, por que não seria para ele? Leia para o seu filho e também na frente dele e incentive-o a ler dando livrinhos de presente, levando-a a bibliotecas e livrarias e conversando sobre histórias lidas e vistas nos filmes. Tudo isso vai transformá-lo em um leitor apaixonado, o que é essencial para que aprenda mais na escola, seja um cidadão mais consciente e, inclusive, uma pessoa mais feliz. Como diz o ditado, quem lê nunca está sozinho.

7- Deixe bilhetinhos:

A escrita, que é a maneira como seu filho será avaliado durante toda a sua vida escolar, também é fundamental. E não é só em classe que ele deve escrever. Estimule a comunicação por meio de bilhetes em sua casa - você pode até comprar uma lousa para deixar na cozinha ou na sala - e peça para seu filho também deixar bilhetes para você. Além disso, deixe que ele ajude na hora de fazer a lista do supermercado, brinque com ele de jogos que envolvam escrita (como o Stop) e dê a ele um diário.

8- Aproxime-se da escola:

Se você quer mesmo colaborar com a vida escolar de seu filho, a instituição onde ele estuda tem de ser muito bem conhecida por você. Visite a escola, converse com coordenadores e professores, enfim, entenda que metodologia é usada e informe-se sobre tudo que se passa ali. Assim, você estará por dentro do funcionamento da entidade e dos valores cultivados ali quando seu filho comentar algo em casa. Além disso, sabendo que seus pais são envolvidos, ele tenderá a valorizar mais seu local de estudo.

9- Mantenha a escola informada:

Para que professores e coordenadores possam lidar bem com possíveis dificuldades ou singularidades do seu filho, é importante que saibam o que se passa em casa. Não tenha receio de compartilhar crises familiares, perdas de entes queridos etc. Assim a escola tem todos os dados de que precisa para compreender o seu filho como um ser humano completo, com vida escolar e pessoal. 

A atitude da família ajuda a criança a organizar os estudos!  

 

Fonte: Educar para Crescer.