segunda-feira, 25 de março de 2013

"Quando o ouvido dói..." - Otite, Linguagem e Aprendizado: Correlações.

Segundo o Jornal de Pediatria, 90% das crianças têm pelo menos um episódio de otite média antes de completar cinco anos de idade, 20 a 30% das crianças menores de três anos de idade apresentam otite média aguda como complicação de uma "Infecção de Vias Aéreas Superiores" (IVAS).

O papel de vários fatores predisponentes está devidamente reconhecido, entre eles alguns modificáveis por nós, como a entrada precoce nas creches, o desmame prematuro, o refluxo gastresofágico não identificado, a posição incorreta na mamada, alergias ou gripes "mal curadas" e a auto-medicação, por exemplo.


A Otite Média Recorrente (OMR) e a Otite Média Secretora (OMS) são a principal causa de perda auditiva leve e moderada na infância. A presença de secreção no ouvido médio acarreta dificuldade de transmissão do som (hipoacusia de condução ou de transmissão), que costuma normalizar quando há cura do processo.

A secreção no ouvido médio costuma provocar perdas auditivas leves, podendo-se encontrar crianças com limiares auditivos em torno de 38 dB. Com esse nível de hipoacusia, as vogais são ouvidas claramente, mas algumas consoantes podem não ser ouvidas. Esse tipo de perda não provoca problemas em adultos ou crianças que já adquiriram a fala, mas, se for crônica ou recorrente, pode acarretar uma discreta dificuldade na aquisição da linguagem em crianças em que esta não esteja estabelecida. Os pais devem ser orientados a chamar a atenção da criança para que esta olhe para eles antes de começarem a falar, e fazê-lo mais alto e mais próximo do que o habitual.

A criança com OMR apresenta flutuação da audição. A audição piora durante o episódio de otite média aguda e melhora quando ocorre a sua cura. A otite média secretora caracteriza-se por ser assintomática, isto é, não provocar febre ou otalgia, mas é acompanhada de perda auditiva leve ou moderada. Além da perda auditiva, as crianças com otite média secretora podem também apresentar distúrbios do equilíbrio, tais como quedas freqüentes e tendência a bater acidentalmente nas paredes ao caminhar. Algumas delas sentem-se inseguras para andar de bicicleta ou dormir no escuro, por exemplo.

É importante que todo o profissional que trabalhe com crianças esteja atento para a possibilidade do problema otológico, pois a criança, ao contrário do adulto, pode passar meses com secreção no ouvido médio sem apresentar queixas. O lactente costuma apresentar atraso na aquisição da fala e demora para começar a caminhar. No ambiente escolar, tanto os pais quanto os professores queixam-se de desatenção e agitação.

A criança com perdas auditivas leves e moderadas costuma fazer trocas de alguns fonemas na fala (dislalia): “t” por “d”, “f” por “v”, “p” por “b”, “q” por “g”. Muitas destas crianças, principalmente se estão em fase de alfabetização, apresentam trocas na escrita, durante o ditado na aula. Este tipo de aluno costuma ser desatento na escola, porque tem dificuldade de ouvir a professora, quando esta não está próxima, tendo mais facilidade de escutar o colega ao seu lado. A mãe relata que ele não atende quando é chamado e ouve o aparelho de som, ou a televisão, alto demais.

A otite secretora que não curar com o tratamento usual para otite média e persistir por mais de três meses é passível de correção cirúrgica que consiste na miringotomia, aspiração das secreções existentes no ouvido médio e colocação de tubo de ventilação. Este mesmo procedimento está indicado para aquela criança que apresentar mais do que três episódios de otite média nos últimos seis meses, principalmente, se ela está na fase de aprendizagem da fala ou no primeiro ano escolar.

Há estudos que mostram relação entre otite média e dificuldades de aprendizagem, como o de Luotonen e colaboradores, na Finlândia, que, num trabalho retrospectivo realizado em 1.708 escolares com nove anos de idade, que haviam apresentado Otite Média Recorrente (OMR) até os três anos, constataram que as meninas apresentavam dificuldades em matemática e concentração na sala de aula, enquanto os meninos tinham mais dificuldades na leitura e atividades orais. Não foi encontrada relação entre otite média recorrente após os três anos de idade e aprendizagem. Concluíram que OMR antes dos três anos de idade tem conseqüências adversas a longo prazo, mesmo quando tratadas.

- Fonte destas informações: Artigo "Otite Média Aguda e Secretora", publicado no Jornal de Pediatria em 1998. -

sexta-feira, 22 de março de 2013

22 de Março - Dia da Água: Água e Voz, uma parceria de sucesso!

Pensando no dia da água, compartilho com os leitores do blog a importância da água para a maior facilidade na fonação.

Professores e Gestores, lembrem-se:

 Evitem abuso vocal...hidratem-se!!!


Hidratação e Reposição Hídrica das Pregas Vocais

Um elemento importante da estrutura da prega vocal é uma camada adicional de muco, externa a ela, sem a qual não poderia vibrar.

Em condições normais, a camada de muco tem a função de facilitar o deslize do ar transglótico pelas paredes laríngeas com o mínimo atrito.

Um fator importante relacionado à camada de muco é a viscosidade das secreções. O regulamento homeostático da distribuição do líquido corporal ocorre por meio do Sistema Nervoso Autônomo, que confere umidade constante à mucosa bucal, faríngea e laríngea.

Fisiologicamente, para que ocorra a mudança na viscosidade das secreções, é necessário que a entrada de fluído afete a quantidade de água no sangue, produzindo mudanças no conteúdo dos tecidos, e, assim ativando a ação osmótica. 

O nível de hidratação deve regular a viscosidade e indiretamente, o nível de pressão de fonação. Nos tratamentos de hidratação visando uma menor viscosidade das secreções da prega vocal, tem-se um menor nível de pressão de fonação, por isto, maior facilidade de fonação.

Após pesquisa literária, observou-se que os autores concordam que ocorre modificação na vibração das pregas vocais em situação de desidratação.


Dia da Água

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado a discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.

quinta-feira, 21 de março de 2013

21 de Março - Síndrome de Down: Seu dia para o Mundo!

Quando foi instituído no Brasil?

Segundo pesquisei, a data internacional foi "adotada" pelo Brasil desde 2006. Desde então, trabalha-se neste dia a promoção de dados estatísticos e conscientização sobre o que é esta síndrome.

O que Comemorar?

Sob meu olhar e no meu trabalho, o objetivo deste tipo de "comemorações" é sensibilizar a Sociedade sobre as potencialidades que o indivíduo pode ter, mesmo com suas diferenças, neste caso - a trissomia.

Comemoro, hoje, o incrível privilégio de ter conhecido TODAS as famílias dos portadores desta síndrome nos anos de atuação profissional. Comemoro, sobretudo, a vida de TODOS meus pacientes e amigos "Downs", que tanto ensinam sobre afeto e superação. 

A vocês, meus queridos, parabéns! Felicito pela garra em lutar, pela esperança de vencer, pela fé em viver! 



Em linhas gerais: O que é a Síndrome de Down?

Basicamente, a Síndrome de Down é uma alteração genética, que, em média, ocorre em um a cada 800 nascimentos, sem diferenciação de etnia. Sabe-se, entretanto, que a incidência aumenta de acordo com a idade - mais avançada - da gestante. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 300 mil pessoas com Síndrome de Down.

Os seres humanos têm 23 pares de cromossomos em seu DNA. No caso dos portadores da síndrome, há um cromossomo a mais no 21º par, sendo, por isso, também chamada de "trissomia do 21". A data escolhida para o dia internacional da Síndrome de Down, 21 de março, faz referência a essa trissomia, já que muitos países optam por colocar o mês antes do dia ao escrever a data. Dessa forma, 21 de março seria 3-21, ou seja, a trissomia do cromossomo 21.

As pessoas com a síndrome apresentam características físicas comuns, como os olhos amendoados, além de dificuldades cognitivas, deficiência mental, variando de leve à moderada, e alguns problemas clínicos associados, como cardiopatia congênita, dificuldade de audição ou visão, distúrbios na tireoide, obesidade e envelhecimento precoce.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Portadores de Déficit do Processamento Auditivo Central - DPAC possuem uma nova opção de tratamento para o transtorno


Portadores de Déficit do Processamento Auditivo Central - DPAC possuem uma nova opção de tratamento para o transtorno (Escrito por Kendra Chihaya, em 20 de Fevereiro de 2013).

Pesquisadores da Universidade do Kansas - EUA desenvolveram um novo programa deterapia para tratamento do transtorno que atinge 7% das crianças em idade escolar ocasionando sérias dificuldades de aprendizagem.


O Centro de Estudos de Distúrbios da Comunicação em parceria com o Centro de Estudos da Família e Serviços Humanos da Universidade do Kansas nos EUA, após diversas pesquisas e testes, está oferecendo uma nova opção de tratamento para o Déficit do Processamento Auditivo Central - DPAC. 

O programa de tratamento desenvolvido pelos cientistas, fonoaudiólogos e médicos da Universidade do Kansas, chamado de EARSS (Enhancing Auditory Responses to Speech Stimuli ), utiliza as respostas auditivas para os estímulos de fala como base do tratamento, adaptando as práticas terapêuticas de cada paciente com base nas evidências de diagnóstico do transtorno de cada caso. 

Antes de iniciar o programa EARSS, as crianças são submetidas a um pré-teste para determinar suas necessidades específicas e assim definir o tempo de tratamento e a melhor forma de abordar a terapia com cada um.

Após, um médico audiologista acompanhado de um fonoaudiólogo encontra-se com o paciente uma hora por semana para participar de atividades que melhoram suas habilidades de processamento auditivo. As escolas em que as crianças estudam também recebem orientações específicas visando auxiliar o tratamento e melhorar a relação com os alunos.

Segundo Debra Burnett, professor e fonoaudiólogo especialista em DPAC do Centro de Estudos da Família da Universidade do Kansas, "Em vez de dar as diretrizes gerais para as escolas, que são capazes de falar sobre as necessidades específicas das crianças e seus pontos forte. Somos capazes de transmitir aos educadores estratégias muito específicas para lidar com o transtorno, porque nós começamos a conhecer as crianças, sabemos de suas dificuldades e acompanhamos o seu progresso." disse Burnett.

No final do programa é executado um pós-teste para avaliar os resultados obtidos e identificar as mudanças no paciente. Os pesquisadores, até o momento, viram resultados positivos com esta nova abordagem para o tratamento do transtorno. Segundo os cientistas, todas as crianças que passaram pelo programa tiveram melhoras significativas nas áreas tratadas. Em áreas que os pesquisadores não "trataram", as crianças não apresentaram nenhuma mudança, mas também não ouve piora do caso. "Com base nesses resultados, nosso programa está mostrando os primeiros sinais de ser eficaz. Percebemos um benefício direto das crianças
tratadas por este novo programa que integra médicos, fonoaudiólogos, pedagogos e a família. ", disse Burnet
.
Algumas das atividades de treinamento do processamento auditivo desenvolvidas com as crianças durante o programa de EARSS são:


- Treinamento da fonêmica para trabalhar a capacidade do cérebro de processar sons da fala;
 - Treinamento de palavras em ruído, que busca trabalhar a capacidade do cérebro de processar a fala com ruído de fundo;
 - Treinamento da síntese fonêmica que trabalha a capacidade do cérebro de processar sons da fala por meio de palavras.

Sobre a Pesquisa

Após participar de uma conferência da American Speech-Language Hearing Association (ASHA) sobre maneiras de incorporar fonoaudiólogos e outros especialistas em terapia para o transtorno do DPAC, Burnett e seus colaboradores iniciaram o programa.

Inicialmente sete crianças com idade entre 8 e 14 anos, diagnosticadas com o DPAC foram selecionadas para o programa que durou em média 06 meses. Após estudos iniciais e testes as crianças passaram pelo programa desenvolvido. Com resultados positivos o programa foi estendido a toda comunidade do Kansas que foram diagnosticadas com o transtorno. Após um ano e meio de implantação do programa, os envolvidos relatam resultados extremamente positivos.

Os pesquisadores, que estão preparando os resultados numéricos do programa, agora planejam publicar os dados em revistas especializadas, além de continuar oferecendo o programa à população, sempre visando melhorar a terapia aplicada.


Sobre o DPAC:

Considerado uma neuropatia auditiva, sendo uma falha do sistema nervoso central, o Déficit do Processamento Auditivo Central - DPAC é uma falha na percepção auditiva, mesmo em pessoas com audição normal. Totalmente diferente da perda auditiva, em geral está associado a dificuldades de aprendizagem e a dislexia. Neste sentido, o DPAC está relacionado com a maneira com que o cérebro decodifica e processa as informações recebidas.

Pessoas com este distúrbio auditivo escutam os sons, mas têm dificuldades de entendê-los, armazená-los e
localizá-los. As informações são ouvidas normalmente, mas há uma deficiência neurológica que prejudica a compreensão das informações.








Gagueira Infantil: O que você precisa saber.



O pai tem, o avô também. Gagueira, em 55% dos casos, é distúrbio determinado por fatores hereditários, mas há casos em que ela se faz notar na infância sem se saber bem por quê. "É a chamada gagueira de desenvolvimento", conta Ísis Meira, psicóloga e fonoaudióloga especializada nesse distúrbio de fluência. "Na criança, ela surge a partir de três anos e isso, sem a presença de lesão ou efeito psicológico". 



Para falar, é preciso que ocorra a ação sincronizada entre inúmeros circuitos cerebrais. Quem sofre do problema da gagueira tem dificuldade com esse processo - problema que pode ser passageiro, persistindo, em geral, até 12 anos. "O importante é trazer a criança para avaliação tão logo os pais reparem em alguns sintomas - retraimento na hora de falar ou respiração afetada pela fala", exemplifica a especialista. Saiba mais sobre gagueira infantil:


1. Nervosismo não é gagueira!


Se seu filho tem tropeços ao falar em situações específicas, como falar em público, fique tranquilo, pois isso nada tem a ver com o problema da gagueira. 

A gagueira está relacionada com a continuidade e o fluxo da fala - o diagnóstico só é feito quando o distúrbio aparece de forma sistemática e persistente. "Não é apenas repetir sílabas, mas também criar interrupções", diz Ísis. "A cada gago corresponde um tipo de gagueira, ela é única."


2. Hesitação pode ser gagueira.

A criança que sempre hesita ao falar pode ter gagueira. Ela prefere ficar em silêncio, envergonhada da sua situação. "É uma criança bastante sensível, que se sente incomodada com o problema da sua fala, o que cria muita tensão, daí ela fazer movimentos atípicos com a cabeça e o próprio corpo", aponta Ísis Meira.

3. Gagueira não determina inteligência.

Criança que sofre de gagueira é tão inteligente quanto a que não tem esse problema. Estudos comprovam que não existem diferenças cerebrais entre gagos e não gagos, o que existem são diferenças de função - áreas do cérebro que são ativadas com a gagueira, o que não deveria acontecer. "O que precisa ficar claro é que a criança com gagueira é criança normal, inteligente, e merece ser tratada como tal", salienta a especialista.

4. Atenção na sala de aula.


A forma de o professor agir com a criança que sofre de gagueira é vital para a sua saúde emocional em sala de aula. 
Ela não pode ficar isolada, nem ser tratada de modo especial. "O professor precisa encontrar o meio termo, ter a sensibilidade necessária para encontrar o modo correto de lidar com a criança gaga", alerta Ísis. "Ela sempre será alvo de bullying, por isso, o professor precisa ter pulso firme com a classe". 



O professor pode ajudar: 

- Inicialmente, até que o gago se ajuste à turma, faça perguntas que possam ser respondidas com poucas palavras. 

- Se cada criança tiver que responder a uma pergunta, chame a que gagueja no início, porque a tensão e a ansiedade podem aumentar enquanto ela espera sua vez. 

- Informe à sua classe que ela terá o tempo de que precisar para responder às questões e que você quer que todos raciocinem bem antes de responder e não apenas que se expressem rapidamente. 
- Oriente os pais a procurarem a ajuda de um fonoaudiólogo.


5. Cuidados em casa.


Em casa, a família não deve tratar a criança gaga de modo diferente ou vai correr o risco de fazê-la se sentir ainda pior, um peixe fora d’água. 

É preciso dar espaço a quem tem gagueira na hora de falar. "O tempo que essa criança necessita para se comunicar é outro, longo, a família precisa aprender a escutar, evitando, por exemplo, que todos falem juntos... Agora, se todos ficarem em silêncio só aguardando, a criança gaga vai se sentir intimidada e se retrair", garante Ísis. É preciso, portanto sensibilidade para encontrar a conduta ideal.


6. Gagueira tem tratamento.


Com o cuidado adequado, a criança que sofre de gagueira aprende a lidar com o distúrbio, alcançando fluência no falar. 
Há inúmeros modos de tratar o problema, mas Ísis Meire faz da observação o seu trunfo. "Cada gago forma uma gagueira, que compromete determinada ação muscular - eu procuro trabalhar de modo a desconstruir essa gagueira", diz a especialista. Com os gagos, ocorrem disfunções musculares em três áreas do corpo, a cervical (pescoço, ombro), a área oral (boca, face) ou a da respiração. 

"Se for localizada na boca, procuro inibir a ação muscular errônea nessa região, estimulando o que precisa funcionar para evitar a gagueira", adianta Ísis. Apesar de não existir receita milagrosa para esse distúrbio de fluência, há, porém, uma certeza: a capacidade de recuperação vai depender da atitude pessoal. "Já tive pacientes que ficavam envergonhados e sofriam num canto, enquanto outros agiam como líderes...", destaca a especialista.


Fonte: Educar para Crescer

A criança que fala errado tem maior probabilidade de escrever errado!

Como a fala certa pode ajudar na escrita.

Você sabe qual é a área do cérebro que utilizamos para escrever? Se não souber responder, não se preocupe. O motivo é simples: não há uma área específica do cérebro para a escrita.


O ato de escrever foi desenvolvido pelo homem a fim de se comunicar. Por não ser algo natural, para realizá-lo acionamos os mesmos mecanismos cerebrais que utilizamos para falar, convertendo assim o som em imagem. "É por isso que quando lemos algo em voz baixa ouvimos nossa própria voz em nossa cabeça", explica fonoaudióloga e psicopedagoga Telma Pantâno. Ou seja, falar e escrever são ações profundamente relacionadas e dificuldades em uma dessas competências podem refletir na outra.

É por isso que o problema da fala não deve ser subestimado. "Uma fala errada, que ao mesmo tempo é irresistivelmente engraçadinha, pode mascarar a dificuldade da criança em se comunicar adequadamente", alerta a também fonoaudióloga Marta de Toledo Prioli.

Muitas vezes, as dificuldades de aprendizagem, comportamento e linguagem são confundidas, o que produz inúmeros diagnósticos equivocados. As crianças acabam sendo rotuladas como problemáticas, quando, na verdade, possuem problemas de comunicação.

Qual a relação da fala com a escrita?
A escrita é a relação entre um som de nossa língua (fonema) e um sinal gráfico (grafema). Normalmente, cada fonema é representado por uma única letra; assim, para representar o fonema /i/, usamos o grafema i. Para escrever, devemos relacionar um som com um sinal gráfico, mas se a produção desse som não for adequada (no caso de quem fala errado), a escrita poderá ficar prejudicada.

Quais são os problemas relacionados à fala?
Algumas alterações são mais evidentes, como gagueira, língua presa e rouquidão, porém outras não são tão óbvias e podem causar grandes transtornos. E os professores muitas vezes não são preparados para diferenciar as alterações de linguagem, fala e voz, que não são a mesma coisa. A presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Irene Marchesan, explica que a linguagem consiste naquilo que se quer dizer, a fala é a articulação dos sons, e a voz, que faz parte da fala, é o som em si, com determinada frequência e intensidade.

As alterações de fala que mais prejudicam o aprendizado da escrita são as de origem perceptiva: a criança, mesmo escutando perfeitamente bem, não percebe auditiva-sinestesicamente as características de um determinado som e por isso não consegue reproduzi-lo.

De acordo com Jaime Zorzi, médico-fonoaudiólogo e especialista em crianças com dificuldade de aprendizagem, o sucesso da comunicação escrita depende muito da comunicação oral. Ele contou a história de dois meninos com dificuldades para aprender a ler e escrever. Jaime ditava aos garotos uma palavra e, na primeira tentativa, o resultado era desastroso: as letras no papel não tinham nenhuma relação com o que fora dito.

Em seguida, Jaime ajudava a criança a escutar os sons das palavras, separando-as em sílabas. Assim, conforme os meninos repetiam em voz alta os sons pretendidos, o resultado melhorava. "Quando falavam, se saíam bem", resume. Ao fonoaudiólogo, assim, cabe trabalhar a oralidade para automatizar escrita.

Quem fala errado tem também maior dificuldade em se fazer entender, gerando problemas de comunicação e de relacionamento. Diante disso, a criança pode reagir de forma agressiva ou introspectiva, mostrando-se insegura e com baixa autoestima, prejudicando o processo de aprendizagem. 
 

Como os professores podem ajudar?
É importante que professores e educadores tenham conhecimento da questão, pois convivem mais com as crianças do que seus médicos e, por isso, podem identificar antes uma disfunção. Se um aluno não consegue acompanhar o ritmo da classe, é preciso investigar o porquê.

Além disso, é importante incentivar as crianças e jovens a falarem em aula. De acordo com Telma, a partir do momento em que ensinamos as crianças a escrever, elas param de falar: "Substituímos a fala pela escrita: o aluno precisa ler e responder por escrito. Quando ele fala, é considerado bagunceiro. Porém, pensar é fundamentalmente linguagem, precisamos saber se eles utilizam corretamente a análise sintática na fala e como isso vai aparecer na escrita. Quanto mais falamos, mais aprendemos a falar", completa.

Segundo a orientadora pedagógica da escola Vera Cruz, em São Paulo, Daniela Pannuti, há casos em que a criança consegue superar eventuais dificuldades, como trocas de letras e omissões de fonemas, no decorrer do trabalho de alfabetização, a partir de atividades propostas pelo professor. Um exemplo de atividade é usar de um repertório estável, como uma lista de nomes dos colegas e das atividades de rotina, afixadas na sala de aula. Conforme se apropria dessa lista e faz associações entre as sílabas da lista com outras palavras, a criança consegue progressivamente corrigir seus erros de fala. 
 

Como os pais podem ajudar?
Uma dica simples e valiosa para os pais: ao conversar com seu filho, use vocabulário apropriado à idade, mas sempre fale corretamente. Nunca infantilize sua fala para imitar o modo de falar dos bebês, como "bincar" ao invés de brincar, "tetê" em vez de mamadeira, pois dessa forma os pais incentivam a criança a persistir no erro.

Cuidar da alimentação também pode ajudar, pois certos nutrientes interferem no processo de fortalecimento da musculatura oral. É imprescindível que as crianças consumam alimentos sólidos para fortalecer tais músculos, assim como o uso de mamadeiras e chupetas não deve ser prolongado, ainda que os bicos sejam ortodônticos.

Quando procurar ajuda?
A atuação clínica é fundamental para corrigir distúrbios da comunicação em geral. A partir do momento em que se corrigem problemas de fala, previnem-se também os de escrita. Da mesma forma, problemas comportamentais também podem ser corrigidos: quando as crianças aprendem a se comunicar, elas param de bater, chutar, morder...

Os distúrbios variam de caso a caso, mas, em geral, se seu filho já completou 4 anos e ainda fala errado, ele deve ser avaliado por um fonoaudiólogo, pois isso evitará danos futuros no processo de alfabetização.  





Escrever a mão promove atividade neural mais avançada do que escrita no teclado!

A tecnologia está cada vez mais presente em nosso cotidiano. A maioria de nossos textos são produzidos via teclado, isso é bom ou é ruim? No Brasil já existem escolas que disponibilizam laptops aos alunos; mas, de acordo com a neurocientista Karin Harman...

 Na metade do ano de 2011 alguns jornais anunciavam o fim da escrita cursiva na maioria das escolas dos EUA. Entretanto no início deste ano (2012) a neurocientista Karin James Harman (foto) apresentou um projeto no sentido de conscientização de qual o papel da escrita no processo de aprendizagem. 
Apesar de grande debate, Harman testemunhou a favor da inclusão da escrita cursiva nos currículos de todas as escolas públicas.  

Para a realização da pesquisa, as crianças escreviam cartas à mão e depois submetiam-se a uma ressonância magnética.  Nestas, a atividade neural no cérebro mostrava-se mais avançada do que aquelas que digitavam no teclado. “A caligrafia envolve circuitos cerebrais diferentes do que a digitação. O contato de direção, e a pressão da caneta ou lápis envia uma mensagem para o cérebro. E o processo repetitivo da caligrafia "integra vias motoras no cérebro", disse ela.
Também, em pesquisa feita com universitários, comprovou-se que aqueles que escreviam suas anotações a mão, lembravam-se com mais facilidade do conteúdo do que os que faziam o registro em materiais tecnológicos.
  
Segundo a neurocientista o ato de digitar não tem o mesmo efeito que o ato da escrita. Pois conforme suas pesquisas: - a caligrafia pode mudar a forma como as crianças aprendem e desenvolvem seus cérebros. Sendo que as crianças pesquisadas conseguiram elaborar frases mais completas e criativas utilizando-se da escrita, do que as que utilizaram o teclado.

     
No entanto, os cientistas ainda não determinaram os benefícios do ensino ou não da letra cursiva, pois o que ficou comprovado é a questão da escrita no papel ao invés da escrita digitalizada. A escrita é um fator importante na promoção do desenvolvimento do cérebro e cognição, em aperfeiçoar as habilidades motoras finas, e em gerar, desenvolver e expressar ideias mais rapidamente.
Para aqueles que acham que ter letra legível é apenas uma questão de treino de caligrafia, enganam-se. Pois se faz necessário todo um trabalho de psicomotricidade começando pela motricidade ampla (“do corpo para o braço”) até chegar à motricidade fina (“do braço para o movimento dos dedos”).

Seguem então, algumas sugestões:
 
 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Dicas para tirar as fraldas do seu filho!

Quando é hora de tirar a fralda? Qual a melhor maneira para fazer o desfralde? A escola deve ajudar? Essas são algumas dúvidas que surgem na cabeça dos pais quando a criança começa a crescer. Afinal, isso indica que ela já está dando os primeiros passos para ser mais independente. Parece pouco, mas o ato de tirar as fraldas faz com que os pequenos comecem a conhecer o próprio corpo, afinal, eles iniciam o processo do controle dos esfíncteres. Um enorme salto no desenvolvimento infantil. "É importante que os adultos transmitam sentimentos positivos à criança, como confiança, autoestima e segurança", indica a coordenadora da escola Be.Living, Denise Koga.

Ajudar nesse processo pode parecer tarefa difícil, mas torna-se mais fácil se os pais transmitirem segurança e confiança aos pequenos! "Com tranquilidade, todos os envolvidos nessa transição podem colaborar de maneira bastante positiva e funcional", diz a psicopedagoga Anita de Cerqueira Cesar Ferreira, de São Paulo. O segredo é acreditar que eles são capazes e lembrar que todos nós também já passamos por isso.

Os pais, em conjunto com a escola, precisam ter paciência para enfrentar esse processo que envolve, sim, algumas escapadas dos xixis e dos cocôs. Aliás, é extremamente comum que muitas destas escapadas ocorram em um único dia. Principalmente nos primeiros dias que a criança está sem a tão prática fralda descartável. "Separem muitas peças de roupas para as possíveis trocas, para que tudo ocorra de maneira natural...", recomenda Anita. "Não se esqueça que os pequenos estão passando por um período de grande desafio e se encararmos como um processo natural, o controle dos esfíncteres se transforma em uma grande conquista".

Para tudo dar certo, é preciso que os pais trabalhem com os professores, pois cada um tem um papel bem específico nesta história. " Se possível, os professores devem relatar na agenda da criança como está o processo de desfralde na escola, para que ocorra essa troca de conhecimento com os pais", indica o psicólogo clinico Sebastião Souza, terapeuta familiar, de São Paulo.

1) Como tornar o desfralde um sucesso?
A primeira coisa é não pular etapas. "É preciso saber se a criança realmente está pronta e não fazer o desfralde só porque os amiguinhos dela já estão sem a fralda", diz Denise Koga, coordenadora da escola Be.Living.

Anote aí as 6 atitudes que indicam se a criança está pronta para o desfralde:

1. Conta que fez ou que está com vontade de fazer xixi ou cocô;
2. Já tem equilíbrio para caminhar;
3. Sobe e desce escadas alternando os pés;
4. Na hora de trocar a fralda, você nota que ela está cada dia mais sequinha;
5. Mostra desejo em usar o vaso sanitário;
6. Incomoda-se com a fralda cheia.

Se reparar que seu filho está pronto, comunique a escola por meio de um recado na agenda ou uma ligação.

2) Como deve ser a comunicação entre pais e professores?
Pais: Devem ler as anotações dos professores na agenda diariamente, e relatar como está o processo em casa. É importante relatar sobre acidentes que acontecem e sobre a sua reação e à da criança.

Escola: Deve responder às anotações dos pais e mostrar como a criança se comporta na escola, em conjunto com os amigos, principalmente na hora de ir ao banheiro. "Nessa troca de conhecimento das duas partes precisam ser informados quais foram os procedimentos, as dificuldades e o progresso da criança nessa tentativa", diz Sebastião Souza, psicólogo clínico.

3) E se a criança fizer xixi na roupa?
Pais: Quando a criança pedir para ir ao banheiro, leve-a na hora. E, principalmente quando ela não conseguir segurar e fizer na roupa, não brigue, mas também não mime. Mas, fique atento: crianças que repetem sempre a situação podem estar fazendo para chamar a atenção, diz Denise Koga, coordenadora da escola Be.Living. "A troca não pode ser animada, senão fica bacana demais para a criança. Mostre que ela está perdendo tempo de brincadeira porque fez novamente na roupa", conta.

Escola: A escola deve deixar a criança ir ao banheiro sempre que quiser, desde que acompanhada pelo professor auxiliar. Os professores também devem ter paciência, pois esse é um processo que pode levar até alguns meses. Além disso, os professores não devem comparar a criança com os amiguinhos, assim como os pais não devem compará-la aos primos e irmãos.

4) Como explicar a transição para a criança?
Pais: Devem conversar com a criança, explicar o motivo de elas terem de deixar as fraldas. "Compare a mudança ao início do uso da mamadeira e ao fim do uso da chupeta", explica Denise Koga, coordenadora da escola Be.Living.

Escola: O discurso da escola é bem parecido com o dos pais. Vale também motivar os pequenos, mostrando que os coleguinhas já estão indo ao banheiro para fazer as necessidades.

5) Posso colocar as fraldas neles vez ou outra?
Pais: Perante a uma viagem ou dificuldade, é comum que os pais coloquem, vez ou outra, as fraldas nas crianças. Isso deve ser evitado. "Ideal é parar, mesmo que esteja na estrada, e ajudar a criança a fazer xixi", ensina Denise Koga, coordenadora da escola Be.Living.

Escola: O professor precisa criar condição para a criança ir ao banheiro, mesmo que em um passeio externo. Todos devem acreditar na criança quando ela pedir para ir ao banheiro.

6) Devo lembrar que é hora de ir ao banheiro?
Pais: Principalmente antes de dormir, os pais devem sempre lembrar à criança que ela precisa fazer xixi e, mesmo que ela diga que não está com vontade, é preciso sentá-la no vaso sanitário e aguardar. Aos poucos, ela começa a se acostumar e consegue controlar a vontade sozinha.

Escola: O professor precisa conhecer o aluno e o tempo de cada um. Ele também deve lembrar a criança de ir ao banheiro e sempre acompanhá-la. Geralmente, a escola infantil terá horários para banheiro, em que todos os alunos irão juntos. Mas, mesmo fora desses horários, caso a criança peça, é importante que o professor acredite e a leve.

7) Vale usar penico?
Pais: Se os pais optarem por utilizar penicos, não devem tirá-lo do banheiro. Nada de colocar na sala, em frente à TV. "Penico não é brinquedo e não deve ser utilizado para outros fins", diz Denise Koga, coordenadora da escola Be.Living.

Escola: Na escola, os vasos sanitários são baixinhos e permitem que a criança use-os sozinha, se sentindo ainda mais independente. Por isso, é dispensável o uso do penico.

8) Os meninos e as meninas são diferentes?
Pais: Mesmo que o menino queira começar a fazer xixi de pé sozinho, o comum é que comecem sentadinhos, como as meninas. Os papais não precisam se preocupar com isso, mas podem dar o exemplo e ensinar o menino a, aos poucos, fazer xixi de pé.

Escola: A professora também pode orientar os meninos e até introduzir uma breve explicação sobre a diferença entre os meninos e as meninas.

9) Devo ajudar a limpar a criança?
Pais: Os pais devem ir com a criança ao banheiro, conversar durante, ensinar... Na hora de limpar, devem fazer para a criança, até que elas consigam controle para fazerem sozinhas. "Assim como tomar banho e se secar. Os pais vão observando e mudando o comportamento", diz Denise Koga, coordenadora da escola Be.Living.

Escola: Na faixa etária do desfralde, é a professora que limpa. Algumas crianças gostam de tentar sozinhas, mas a supervisão da professora e o retoque final são obrigatórios. A partir dos quatro anos, elas começam a se limpar sozinhas.

10) Como ensiná-las a lavar as mãos?
Pais: Os pais devem sempre dar o exemplo e jamais se esquecerem de lavar as mãos ao saírem do banheiro. Devem levantar a criança no colo, fechar a torneira enquanto elas ensaboam as mãozinhas... Enfim, passar tudo o que fazem, como a importância de dar descarga.

Escola: A maioria das escolas tem um trabalho em sala de aula, nesta época, falando de higiene, na necessidade de lavar as mãos. É importante também que as pias sejam baixas, para que a criança tenha autonomia. Caso contrário, a professora deve levantá-las no colo.

11) Quando tirar a fralda noturna?
Pais: Devem manter a fralda noturna até que o controle diurno esteja estabelecido. A fralda tende a amanhecer cada dia mais seca. "Há pediatras que pedem para acordar a criança no meio da noite para ir ao banheiro, outros não. A decisão é dos pais", diz Denise Koga, coordenadora da escola Be.Living.

Escola: A escola pode orientar os pais nessa fase, indicando os progressos da criança e, geralmente, avisando se a criança está pronta ou não para a retirada da fralda noturna.

12) Mudanças na rotina atrapalham o processo?

Pais: Os pais devem evitar mudanças na rotina da criança durante o processo do desfralde, pois elas podem dificultar a transição. Isso inclui: mudança de casa, saída da babá, nascimento de um novo filho (quando programado) e brigas em casa.

Escola: A escolinha deve ter uma rotina fixa e, no início de cada dia, se possível, avisar os pequenos sobre como será o dia deles, para que se preparem e se programem. "Isso dá segurança e faz com que eles se organizem melhor", finaliza Denise Koga, coordenadora da escola Be.Living.

Canhotos: O domínio da mão esquerda!

Até os anos 60, os canhotos eram castigados ou convencidos, de alguma forma, a trocarem de mão. Escrever com a "mão errada" era, desde sinal de desrespeito grave, até prova de dificuldade de aprendizado. Mas a medicina moderna e as novas teorias pedagógicas, de mãos dadas, derrubaram essas ideias falsas. Reconhece-se que a mão esquerda de um canhoto não é nada canhestra. E como as pessoas passaram a ter o direito de preferir o lado esquerdo, nos últimos anos o número conhecido de canhotos aumentou consideravelmente. Hoje, sabemos que cerca de 10% das pessoas são canhotas.

Mas, afinal, o que é ser canhoto? Canhoto é aquele que desenha, pinta ou escreve com a mão esquerda. Quem prefere a direita é chamado de destro, e quem usa as duas mãos é chamado de ambidestro. Ser canhoto ou destro é determinado, em grande parte, pela genética. Se os pais são canhotos, o filho tem de 45% a 50% de chances de ser canhoto também.

A preferência de alguém por um dos lados do corpo já é percebida desde cedo, mas essa escolha só estará definida por volta dos 6 anos. A escolha de uma mão deve ser um processo natural, diz a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto. "A criança não deve ser forçada, afinal, ela já nasce destra, canhota ou ambidestra. Essa característica é hereditária (passada de pai para filho) e deve ser respeitada", completa.

"Ser canhoto ou destro depende de qual lado do cérebro é o dominante. Destros têm o lado esquerdo dominante, enquanto nos canhotos é o lado direito", afirma a psicopedagoga. No cérebro, o lado esquerdo é responsável pela lógica, racionalidade, números e matemática. Já o lado direito é responsável pelas emoções, artes e imaginação. "A probabilidade de um canhoto que tem o lado direito do cérebro dominante ser mais voltado para o esporte ou para as artes é maior. Isso, porém, também depende da habilidade de cada um", ressalta.


O que podemos fazer para ajudá-los em seu desenvolvimento escolar?
Para ensiná-los, posicione-se sempre em frente aos canhotos e não ao lado. Dessa forma, eles terão uma imagem de espelho, facilitando-lhes a aprendizagem dos movimentos’’, afirma Suely Robusti, psicóloga com especialização em psicomotricidade. Essa técnica aplica-se à maioria das situações de aprendizagem e deverá ser aplicada por pais e professores.

Também é necessário compreender que é comum, nos primeiros registros escritos, observarmos as crianças escrevendo letras, números e palavras de trás para frente. Esse é um fato normal no processo de aprendizagem da linguagem escrita porque, nas primeiras tentativas, a criança ainda não sabe todas as regularidades.

A criança em fase de alfabetização está adquirindo a noção de direita e esquerda. No entanto, pode ser auxiliada no desenvolvimento desta competência por meio de jogos e brincadeiras que envolvam principalmente o corpo.

O que os pais podem fazer por seus filhos?
Os pais devem deixar a criança livre para jogar, comer e escrever com sua mão preferida. "O que se deve fazer é oferecer uma série de estímulos para que o desenvolvimento motor e a consciência corporal se estruturem, bem como os aspectos relativos à lateralidade, usando jogos, brincadeiras", diz Suely Robusti, psicóloga com especialização em psicomotricidade.

Eles deverão considerar uma a uma as diversas dificuldades e oferecer às crianças conselhos para solucioná-las. Assim, os pequenos não se preocuparão em expor seus medos. É uma atitude mais eficaz do que a repreensão ou chamar sua atenção diversas vezes. É aconselhável também que os irmãos e as irmãs maiores participem na educação dos menores, ao ajuda-los nos exercícios escolares.

 O que os professores podem fazer por seus alunos?
Ensinar uma criança a escrever com sua mão esquerda não é exatamente o oposto de ensinar a escrever com a mão direita. Idiomas que são escritos da esquerda para a direita, como o Português, são mais difíceis de escrever com a mão esquerda - um destro escreve longe de seu corpo e puxa o lápis, enquanto um canhoto deve escrever perto do seu corpo e empurrando o lápis. Portanto, é especialmente importante para pais e professores compreenderem como ensinar as crianças canhotas a escrever corretamente.

Segundo Suely Robusti, psicóloga com especialização em psicomotricidade, os fatores mais importantes são: a posição do papel de escrita, a posição do braço e do punho e o aperto sobre o instrumento de escrita. "O estilo 'gancho' que muitas vezes se vê nos canhotos é resultado da falta de formação adequada", diz Suely. "Os canhotos adotam essa postura, porque eles estão tentando ver o que estão escrevendo e não manchar o que acabaram de escrever com a mão, mantendo uma inclinação da direita para as suas escritas", completa. Esses problemas podem ser superados por posicionamento de papel e lápis adequados, lembrando que a inclinação não é obrigatória e que as letras na vertical ou inclinada da esquerda são aceitáveis.

Também no que diz respeito aos professores, estes devem aceitar a lentidão dos trabalhos do canhoto e reduzir seus exercícios escritos, com a condição de que não percam sua qualidade. "Cada professor determinará que tipo de exercícios seja mais benéfico para esses alunos", diz Suely.

Para que se chegue a uma boa estabilidade do braço esquerdo dominante, devem-se eleger as oportunas lições de ginástica, de rítmica, de flexibilidade e de relaxamento. Toda essa obra será recompensada no terreno familiar e pedagógico, sempre e quando se leve em consideração a psicofisiologia da mão esquerda.

O que a escola pode fazer por seus alunos?
A escola pode ensiná-los como a uma criança qualquer. O fato de ser destro ou canhoto não deverá mudar em nada a vida acadêmica de crianças e jovens. Entretanto a escola poderá usar uma série de equipamentos específicos para canhotos e tê-los à disposição dos alunos, como carteiras, cadernos, tesouras especiais, entre outros itens.

Onde encontrar produtos para canhotos?
Existe uma loja virtual especializada em produtos para canhotos e eles entregam no mundo todo! No Leadership Group, maior distribuidor de acessórios de informática do País, é possível comprar pela internet mouses e teclados especiais para canhotos. Loja especializada em instrumentos musicais, a Playtech também pensa nos canhotos fãs de rock. Baixos, guitarras e violões são vendidos em versão "espelhada" e existe até um pedal de bateria para canhotos. No Brasil, a marca de utensílios em inox, Mundial, criou tesouras especiais para canhotos.

Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/canhotos-dominio-mao-esquerda-702611.shtml